Considerado um problema de saúde pública, o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa tira a sua própria vida e a cada ano, 800 mil. No Brasil, dados da OMS de 2016 mostram que a taxa de suicídio aumentou 7% em seis anos, indo na contramão da tendência mundial.

Apesar das estatísticas alarmantes, o suicídio ainda é considerado um tabu para muitos. Em adesão à campanha do Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre a prevenção do suicídio, o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), por meio da sua Coordenadoria de Atenção à Saúde (CAS) e da Comissão do TRE Solidário, promoveu, nesta sexta-feira (27), uma roda de conversa sobre o tema.

Com o título “Isso (não) é comigo, mas poderia (não) ser”, o evento contou com a participação do voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) Roberto Maia, da ativista Sibely Fernanda, criadora do projeto “No Mundo do Lua”, que presta apoio a adolescentes e pais, e do psicólogo e psicanalista ativista na causa da prevenção e posvenção ao suicídio, Lúcio Mauro Silva.
Dando início ao evento, a diretora-geral Isabela Landim ressaltou a importância desse que seria “um momento de conversa e trocas, tão essencial para enfrentar os desafios que o cotidiano nos impõe”. Isabela propôs ainda que os servidores que não puderam comparecer à ocasião, mas estavam acompanhando através da transmissão no canal do TRE-PE no youtube, enviassem as suas dúvidas por meio de comentários no vídeo.

Representando o TRE Solidário, a servidora Sinara Batista conduziu o restante do evento, apresentando os convidados e agradecendo-os pela presença. O primeiro palestrante foi o psicólogo e também suicidologista, isto é, especialista no estudo do comportamento e causas suicidas, Lúcio Mário. Em sua fala, Lúcio fez um apanhado histórico sobre como o suicídio foi interpretado nas diferentes épocas e civilizações, até se tornar um tabu.

De acordo com o especialista, o suicídio ainda hoje não é bem-visto socialmente, o que leva as pessoas a terem dificuldades em falar no assunto, seja por ignorância, preconceito ou estigma. “As pessoas não falam sobre o assunto achando que isso iria induzir, contagiar, e não o oposto, se feito de maneira correta, que seria prevenir através da informação”, explicou. O psicólogo alertou ainda para os fatores de risco, como as doenças mentais, que geram maior propensão a tentar ou cometer o ato.

Mobilização pela causa

Voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV), organização que atua há mais de 40 anos no Brasil oferecendo apoio emocional de maneira gratuita e voluntária, o palestrante Roberto Maia falou sobre sua experiência na instituição e deu dicas de como ajudar pessoas com pensamentos suicidas. “Não precisa ser profissional, basta estar disposto a olhar o outro com humanidade”, disse Roberto, fazendo a contrapartida de que a disponibilidade de amigos, familiares e conhecidos, por outro lado, não substitui o acompanhamento profissional necessário. Para saber mais sobre o CVV, clique aqui. https://www.cvv.org.br/quero-conversar/.

A ativista Sibely Fernanda Britto, fundadora do Projeto “Mundo do Lua”, falou sobre a problemática segundo o seu ponto de vista enquanto mãe de uma pessoa que cometeu suicídio. Da dor do luto, Sibely tirou forças para criar o “Mundo do Lua”(em referência à Luan, seu filho), iniciativa que atende jovens com depressão e pensamentos suicidas, além de fornecer apoio pósventivo a pais.