Para finalizar o calendário de visitação do Centro de Memória da Justiça Eleitoral (Cemel) de Pernambuco em 2019, uma série de atividades lúdicas, reflexivas e artísticas serão promovidas neste mês de novembro em prol do Dia da Consciência Negra, celebrado no próximo dia 20. A programação parte da necessidade de discutir temas caros à população negra, inseridos nas reflexões propostas nacionalmente, e é voltada, sobretudo, para estudantes de escolas públicas e particulares da Região Metropolitana do Recife.

Tendo também em vista a Lei Nº 11.645/08, a qual estabelece a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena no currículo oficial das redes nacionais de ensino, o Cemel pretende fomentar espaços de debates sobre as contribuições histórico-culturais das populações afro-brasileiras para o Brasil. Com este intuito, a programação do mês incluirá uma mini-exposição de imagens sobre estética e autoestima negra, cineclube, rodas de diálogos e atividades lúdicas, viabilizando discussões sobre o tema por meio da fotografia, do cinema e da literatura.

Todas as atividades serão realizadas no Anexo Djacir Falcão, localizado na Avenida Rui Barbosa, 320 – Graças – Recife/PE.

Confira a programação na íntegra abaixo.

12 de novembro de 2019
Auditório Augusto Duque
9h

CINECLUBE TRE: O Teatro Experimental do Negro - Ocupação Abdias Nascimento, de Itaú Cultural (11’)
Por Lorenna Rocha (UFPE)

A atividade tem como objetivo apresentar o dramaturgo, intelectual, militante, ex-deputado federal e ex-senador, Abdias Nascimento, responsável pela elaboração do projeto de lei que versa sobre a implementação do dia 20 de novembro como data memorativa, a Consciência Negra, no calendário do país. Além disso, Abdias foi um dos responsáveis pela formação do Teatro Experimental do Negro, em 1944, que não tinha apenas o objetivo de valorizar uma estética negra, com referências à cultura africana, mas era idealizado como instrumento de emancipação política, reivindicando as populações negras como sujeitos políticos. Para isso, além das peças teatrais, aulas de alfabetização e de iniciação cultural eram realizadas, como modo de possibilitar outros caminhos para esse grupo. A exibição desse minidocumentário será utilizado como ponto de partida para apresentar a trajetória dessa grande referência das negritudes brasileiras.

14 de novembro de 2019
Auditório Augusto Duque
9h

“A beleza negra é linda!”: exposição de fotos com Lucyanna M. do @re.tratos
Por Lucyanna Melo (UFPE) e Henrique Nascimento (UFPE)

Essa atividade tem como objetivo discutir sobre processo de fortalecimento das populações negras através da estética, buscando também discutir sobre autoestima de pessoas negras. Como isso intervém na nossa relação consigo mesmo(a)? Como isso intervém na minha saúde mental? Porque temos dificuldades de nos acharmos bonitos? Numa perspectiva de autocuidado, também buscaremos colocar os(as) estudantes como “obras de arte”, através da exposição de fotografias do @re.tratos, de Lucyanna, que tem como objetivo fotografar pessoas negras para a valorização de tais traços. Durante a atividade, a ideia é também fotografar essas pessoas, usar o espelho, como recursos de autoconhecimento e de amor próprio, valorizando nossos próprios traços. A presença de Henrique Nascimento nessa atividade, também é um desdobramento de alguém que foi fotografado por Lucyanna, que trará seu relato e sua experiência com a beleza, sendo ele um homem negro.

19 de novembro de 2019
Auditório Augusto Duque
9h
Escritoras Negras: vamos conhecer, contar e escrever nossas histórias?

Por Julyanna Barbosa (UFPE)
A partir de um jogo da memória, apresentaremos e discutiremos obras de escritoras negras como Conceição Evaristo, Ana Maria Gonçalves e Carolina de Jesus, pretendemos refletir sobre as escritas em primeira pessoa, de mulheres negras. O que implica quando colocamos nossas palavras no mundo? Porque precisamos (ainda) pensar em uma literatura negra? O que esses escritos podem falar sobre a importância da memória?

21 de novembro de 2019
Centro de Memória da Justiça Eleitoral de Pernambuco
9h

A Lei Nº 11.645/08 e a Lei de Cotas: o que precisamos saber?
Por Mariana Andrade (NEAB/UFPE)

A atividade será discutida para processos formativos de estudantes das escolas da rede pública e/ou particular sobre a importância da Lei nº 11.645/08, que visa a obrigatoriedade do Ensino de História Africana e Afro-brasileira nos currículos escolares brasileiros, e sobre a Lei de Cotas no Brasil. Por que é importante pensar sobre isso? Em que contexto histórico essas leis foram implementadas? Quem tem direito as cotas? Por quê?

Homenagem

O Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado no Brasil, desde os anos 1980, fazendo homenagem a data de morte de Zumbi dos Palmares, que representa uma das grandes resistências das populações negras durante o período colonial brasileiro. Mas, por que falamos do dia 20 de novembro e não no dia 13 de maio, data que se comemora a Lei de Abolição da Escravatura? O processo de libertação das populações negras ocorreram não apenas devido à assinatura da Lei Áurea, protagonizada pela Princesa Isabel, mas como fruto de disputas no âmbito micro e macro político que foram protagonizadas por tais grupos sociais. Sendo assim, revisitar tais memórias é reivindicar tais populações como protagonistas de suas histórias e para serem compreendidas enquanto sujeitos históricos, sociais e políticos. Essa comemoração foi reconhecida através de um projeto de lei proposto pelo ex-deputado federal, Abdias Nascimento, e foi aprovado em 1983 pelo Congresso Nacional.