Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco, fruto de um pós-doutorado na Universidade de Oxford, na Inglaterra, concluiu que não há nenhuma evidência de fraude na apuração dos votos nas eleições de 2018. 

Durante seis meses de pesquisa, foram utilizados cinco métodos estatísticos diferentes para avaliar se houve algum indício de fraude na totalização dos votos nas eleições 2018 e nada irregular foi encontrado. A pesquisa utilizou os dados abertos disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Segundo o coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFPE e um dos autores do estudo, o professor Ernani Carvalho, a eleição de 2018 foi escolhida para análise por se tratar de um evento singular na história eleitoral: “a gente viu um candidato à presidência da república ganhar as eleições e pôr em prova o sistema que o elegeu e não só o elegeu, mas elegeu uma boa parte do congresso, o que de certa forma deu suporte ao seu próprio governo. E, mesmo assim, esse presidente junto com uma parte dos seus seguidores pôs em prova o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas”, disse.

O ineditismo do trabalho está na aplicação simultânea dos cinco testes matemáticos na tentativa de identificar algum padrão fora da normalidade. De acordo com o pesquisador Dalson Figueiredo, geralmente, em trabalhos similares da ciência forense, se utiliza um ou dois métodos. A escolha da utilização de cinco diferentes testes contribui para a confiabilidade do resultado da pesquisa.

“Imagina que você vai num médico e você faz um exame, o resultado desse exame é visto de uma maneira. Mas se você fizer isso cinco vezes com cinco diferentes médicos, a confiabilidade é muito maior. E eles apontaram para a mesma conclusão. Não há indícios de irregularidades nas eleições presidenciais de 2018 no Brasil”, afirma o pesquisador. 

A pesquisa intitulada “The forensics of fraud: Evidence from the 2018 Brazilian presidential election” foi revisada por pares e publicada no mês de setembro na renomada revista científica Forensic Science International: Synergy, dedicada à ciência forense.

Ainda de acordo com os pesquisadores, o mesmo método será aplicado aos resultados das eleições de 2022. 

O estudo

Os autores da pesquisa Dalson Figueiredo Filho e Ernani Carvalho, do Departamento de Ciência Política, da Universidade Federal de Pernambuco, e Lucas Silva, do Departamento de Medicina, da Universidade Estadual de Ciências da Saúde do Estado de Alagoas.

Os cinco testes matemáticos utilizados pelos pesquisadores durante a estadia no Centro Latino-Americano (LAC, na sigla em inglês) da Universidade de Oxford foram os seguintes: 

• Lei de Benford do segundo dígito; 
• Média do último dígito; 
• Análise de frequência dos últimos dígitos 0 e 5; 
• Correlação entre o percentual de votos válidos recebido pelo candidato vencedor e a taxa de participação; 
• Densidade de Kernel reamostrada da proporção de votos válidos. 

Assista a matéria sobre a pesquisa no canal do TRE-PE

Confira neste link o artigo na íntegra:

(VS)