3ª Zona Eleitoral do Recife conta com administrador de prédio cego para melhorar condições de acessibilidade
O combate ao preconceito e a promoção da igualdade da pessoa com deficiência é um dever de todos e um compromisso da Justiça Eleitoral

O TRE Pernambuco está constantemente buscando assegurar acessibilidade para que pessoas com deficiência (PCD) possam, além de votar, trabalhar nas eleições. A preocupação visa combater o preconceito e promover a igualdade de condições dos PCDs em relação aos demais, e se demonstra na adaptação de espaços físicos, adequação de linguagem, adoção de tecnologias e inclusão. Todas elas dizem respeito à questão da acessibilidade, que tem como intuito possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma independente e participar plenamente da vida social.
É o caso do professor Ivanilton Portela, 47, que é cego e irá trabalhar nas eleições 2022 como voluntário em uma função muito importante, ele será administrador de prédio e fala sobre sua expectativa:
“É minha primeira experiência, bateu aquela vontade de trabalhar nas eleições, minha irmã Ivanilma também tem deficiência visual, e conversando a gente decidiu se inscrever. Então eu me inscrevi e ela também. Ela estará trabalhando, vai ser mesária lá no Santos Dumont e eu aqui na Escola Senador Paulo Guerra, só que eu vou estar como administrador de prédio. Monica (chefe de cartório da 3ª ZE) me ofereceu, e lá temos ao todo, sete administradores. Eles vão me dar todo o apoio necessário, vai ser uma nova experiência, um novo desafio”, conta.
Ivanilton é um exemplo de como a participação das pessoas com deficiência é essencial, segundo ele: “é importante poder votar, ter acessibilidade para votar em todos os sentidos, desde o acesso ao local de votação, acessibilidade na comunicação, seja em libras, seja na utilização do braille ou nas leituras de tela. Que possamos ter realmente acesso, autonomia e independência para votar e exercermos a nossa cidadania” ele enfatiza, e ainda acrescenta:
“E também para trabalhar, então pra mim é um novo desafio, sempre gostei de desafios, tive o treinamento, pude conhecer as urnas, eles fizeram toda a demonstração e ativaram o leitor de tela, isso é muito importante para que a pessoa com deficiência visual possa ouvir os números, os nomes dos candidatos, também tem lá no teclado os números em braille e tem os nomes corrige e confirma, para que possamos ler e confirmar que aquela tela é correta, mesmo a ordem dos números sendo padronizada, é importante ter em braile também. Pude aprender como orientar as outras pessoas com deficiência visual temporária ou permanente que irão votar, no caso de alguém ter feito alguma cirurgia, vai poder votar normalmente” ele declara.
Durante as eleições, a acessibilidade é fundamental para garantir às pessoas com deficiência o direito ao pleno exercício do voto e da cidadania. É o que assegura Monica Fonseca, chefe de cartório da 3ª Zona Eleitoral, que convidou Ivanilton para atuar como administrador de prédio, segundo ela: “diante do interesse dele em participar ativamente do processo, oferecemos o cargo de administrador de prédio, com o intuito de ser nosso coordenador de acessibilidade na Escola Senador Paulo Guerra, que terá 19 seções, dessa maneira ele pode nos mostrar de uma forma mais assertiva os problemas de acessibilidade do local, além de exercer o seu direito de participar de uma atividade importante no processo eleitoral, afirmou.
Promover a acessibilidade significa assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades, ao meio físico, ao transporte, à informação e comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público.
Toda pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, tem os seus direitos assegurados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, pela Organização das Nações Unidas, pela Organização Mundial da Saúde e demais legislações federais, estaduais e municipais. Apesar disso, ainda há diversas dificuldades para a sua garantia efetiva, o que torna o engajamento da sociedade fundamental para a eliminação de barreiras e formas de discriminação.